terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um Amor nas Nicolinas!

Era uma vez, numa bela cidade do norte, um Nicolino chamado Nicolau. Era um Jovem esbelto, sociável e inteligente. Uma excelente pessoa que estudava na escola secundaria Martins Sarmento.
Acontece que o Nicolau na sua vida nunca se tinha apaixonado. Seu verdadeiro amor sempre fora as festas nicolinas.
Mal podia o Nicolau imaginar que estas festas nicolinas seriam provavelmente as melhores que já teve ate hoje.
Enquanto o Nicolau se dirigia para a sede dos Nicolinos, do outro lado da cidade um carro estacionava. Era a primeira vez que Matilde vinha ás festas nicolinas. Sempre tivera a curiosidade de ver o porquê dessas festas arrastarem multidões. Aproveitou o facto da sua prima Maria viver em Guimaraes para convencer os pais a deixarem-na ir. Sentia-se ansiosa, pois também não conhecia a cidade e essas duas semanas iriam servir também para isso.
Enquanto esperava a sua prima, olhou a sua volta e espantou-se ao constatar que a cidade era linda, com todos os seus monumentos e edifícios carregados de Historia.
De repente, a chegada da sua prima desperta-a para a realidade novamente. Após as habituais conversas de circunstância, Maria ofereceu-se para lhe mostrar a cidade como só um Vimaranense conhece.
Começaram pela grande referencia maravilha, o Castelo de Guimaraes, passaram pelo paço dos duques e terminaram a visita no centro histórico de Guimarães, ou Oliveira.
Ai, Matilde ficou fascinada com a beleza da zona, a diversidade de casas e as ruas cheia de jovens alegres e bem-dispostos.
Quando decidiu vir conhecer Guimarães, Matilde não pensou que ia gostar tanto de conhecer a cidade que fundou Portugal. Para ela foi uma agradável surpresa.
Nessa noite, 29 de Novembro, as ruas da cidade enchem-se de Gente, unida pelo mesmo objectivo ao som de bombos e caixas seguem pelas ruas da cidade ate ao monumento Nicolino onde enterram o Pinheiro. Nessa noite, conhecem-se pessoas, reencontra-se antigos amigos e novas paixões para alguns. É uma noite em que tudo e permitido, o céu é o limite.
No meio da confusão que acaba por tornar-se o cortejo,Nicolau e Matilde cruzaram pela 1ª vez os seus olhares.Foi provavelmente amor á primeira vista.No meio da confusão tentaram aproximar-se mas a sua tentativa revelou-se infrutífera.
Talvez fosse o destino a negar aos dois apaixonados a oportunidade de um primeiro contacto.
A confusão era tal que os jovens foram afastados bruscamente.
Durante todo o cortejo nicolau procurou desesperadamente a bela jovem que lhe roubara o coração.
Do outro lado,Matilde percorria através do olhar a multidão tentando encontrar o nicolino vimaranense por quem acabara de se apaixonar.
Mas o cortejo acabou sem que os dois jovens se voltassem a encontrar.Regressaram ambos tristes a suas casas com a triste certeza de que talvez não voltassem a encontrar-se.
Passaram dois dias sem que Matilde tirasse Nicolau da cabeça e vice-versa.
Nesses dias,Matilde tomou uma decisão.Decidiu pedir ajuda à sua prima para encontrar o jovem que lhe andava a tirar o sono.
Era movida pela força da paixão que sentia que Matilde abria o seu coração,provavelmente na conversa mais sincera da sua vida,tentando convencer a sua prima a ajudá-la.
Surpreendentemente,Maria aceita ajudá-la de bom grado.Formulou planos para descobrir quem era o rapaz mistério apresentando logo soluções para os problemas que surgiam.
Matilde descreveu-lhe um rapaz vestido com uma camisa branca,um gorro vermelho e verde,um lenço vermelho,calças pretas e sapatos pretos que inexplicavelmente não estava a tocar caixa,limitando-se a organizar o cortejo.
Perante esta descrição Maria sorriu.Quando questionada acerca dessa estranha reacção,Maria respondeu-lhe que encontrar o rapaz seria ainda mais fácil,uma vez que o rapaz que vira era um nicolino.
Eis o que já sabiam sobre ele:era estudante no liceu e fazia parte da Comissão de festas nicolinas.
Não era muito é certo, mas era mais do que Nicolau sabia sobre ela.Enquanto Matilde tentava encontrá-lo, Nicolau pensava na sua musa dia e noite, lamentando não poder vê-la uma vez mais. Para piorar o estado miserável em que se sentia, sentia-se também adoentado. Essa doença levou-o a ficar de cama uma série de dias.
Matilde decidiu que iria procurar o nicolino nas Posses onde havia o magusto.
Na companhia da sua prima, foi às posses e lá procurou por todo o lado, mas não o encontrou. Pensou que talvez não voltasse a vê-lo. Esse pensamento deixou-a triste e decidiu ir-se embora. Nem a sua prima conseguiu demovê-la.
Enquanto Matilde dormia, Maria conseguiu arranjar uma foto da comissão de festas na Net. Sabia que um deles era o rapaz por quem Matilde se apaixonara.
No dia seguinte era o dia do pregão. Quando Matilde acordou, a sua prima mostrou-lhe a foto e num canto lá estava ele. Mas continuava sem saber o nome dele.
Do outro lado da cidade, Nicolau sentia-se curado. Vestiu o seu traje e dirigiu-se às aulas. Sentia-se ansioso para o pregão e as horas insistiam em não passar.
A muito custo, lá chegou a hora do pregão. Matilde e Maria dirigiram-se para o liceu. Após esperarem a chegada do pregão ao liceu, escutaram a sua declamação. Matilde procurava encontrar o seu nicolino, até que a meio do pregão o encontra. A troca de olhares foi intensa e nesse momento ambos perceberam que o que sentiam um pelo outro era mútuo. Enquanto o pregador declamava o pregão, Nicolau aproveitou a confusão e serpenteando entre as pessoas, chegando a Matilde, agarrou-lhe na mão e convenceu-a a segui-lo. Junto ao mural da união, Nicolau confessou-lhe tudo o que sentia e a sua felicidade foi imensa ao perceber que era correspondido. Nesse mesmo mural ficaram a conhecer-se, os seus defeitos, as suas virtudes, os seus gostos… o tempo voava enquanto estavam juntos e cedo chegou a hora da triste despedida. Nicolau tinha de se juntar aos nicolinos e Matilde tinha de se juntar à sua prima que já devia estar a estranhar a sua ausência. Combinaram encontrar-se no dia seguinte nas maçãzinhas. No momento da partida despediram-se com um doce e terno beijo. Nesse momento foi como se o tempo parasse para os amantes. Após esse épico momento, Matilde juntou-se á sua prima e Nicolau aos nicolinos, ambos não acreditando ainda na felicidade plena que sentiam. Acabado o pregão Matilde e a sua prima decidiram ficar em casa nessa noite.
Matilde estava desejosa que a noite passasse rapidamente mas a aurora teimava em não aparecer.
Nem se apercebera que tinha adormecido, só se apercebeu disso quando despertou nessa manhã soalheira.
Maria tinha-as inscrito para irem para as varandas das maçãzinhas. Nessa tarde, já nas varandas, Matilde esperava ansiosa a chegada do seu nicolino favorito.
Já Nicolau mal chegou á praça de Santiago percorreu as varandas procurando a sua princesa do século XXI.
Eis que na varanda do centro, os apaixonados encontraram aquilo que tanto procuravam: o verdadeiro amor.
Nicolau levantou a sua lança na direcção de Matilde oferecendo-lhe uma maçã, Matilde retribuiu a oferta colocando-lhe a prenda na ponta da lança. E isto sucedeu-se toda a tarde, uma vez que parecia só existirem ambos no mundo.
No final, Matilde desceu rapidamente da varanda para cumprimentar o seu cavaleiro medieval.
Até um cego perceberia que os dois jovens estavam apaixonados tal era a intensidade nos seus olhares.
De seguida, Matilde foi conhecer a cidade com Nicolau e gostou mais dessa visita do que a que fez com a sua prima.
Mas, nesta história de amor aparentemente perfeita, havia um senão: Matilde estava de partida no fim das festas nicolinas, e isso era algo que ela omitia a Nicolau. Achava que o amor que viviam seria ensombrado pelo fantasma da sua partida.
Enquanto passeavam pela cidade tendo apenas a companhia um do outro, Nicolau convidou-a para ir com ele ao baile nicolino, convite que ela aceitou. No dia seguinte, no baile dançaram, riram e deram asas á paixão que os unia. Parecia que nada era capaz de abalar o amor que os unia.
No fim do baile trocaram juras de amor eterno e passaram a noite juntos.
No dia seguinte, Nicolau mal acordou procurou imediatamente Matilde, mas do seu lado a cama estava vazia. Em cima da mesa, encontrou um bilhete: “ não penses que não te amo por partir sem me despedir, apenas acho que é mais fácil deste modo.
Não sou de cá, estava apenas de passagem e agora tenho de ir. Nunca te esquecerei Nicolina nem aos momentos que passámos juntos. Amo-te. Da tua sempre Matilde”.
Nicolau deixou cair o bilhete. O mundo pareceu acabar para ele ao perder tão rudemente a mulher que amava.
Sentiu um misto de sensações, uma tristeza tão grande que chegava a confundir-se com raiva.
Nesse instante Nicolau percebeu que talvez na sua vida não voltasse a amar, tal era o amor que sentia por Matilde.
E no fim, tudo voltou ao inicio, Matilde regressou a casa levando na memória o seu amor nicolino e Nicolau regressou ao seu amor de sempre: as festas nicolinas.

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